Por João Paulo Medeiros / Jornal da Paraíba
As eleições deste ano passaram, mas deixaram um tabuleiro montado de prefeitos, vices e vereadores eleitos que irão garantir bases para futuras disputas, notadamente o pleito estadual de 2026. Com planilhas nas mãos, os caciques dos principais partidos fazem contas dos resultados e projetam estratégias.
Mas, a julgar pelo cenário das urnas, quem foram os caciques e partidos que mais cresceram este ano? E aqueles que viram o seu capital eleitoral diminuir, ou estagnar?
Vejamos
alguns:
João Azevêdo
O governador João Azevêdo conseguiu sair bem do processo
eleitoral deste ano. O seu partido, o PSB, elegeu 69 prefeitos. Maior número
entre as legendas. Terá uma população de 811.252 pessoas sob o seu
domínio, em cidades importantes do Estado, como Bayeux, São Bento,
Sousa e Mamanguape. Além disso, ele viu um de seus aliados mais importantes,
Cícero Lucena (PP), ser reeleito na Capital - tendo um vice socialista.
Cícero Lucena
O prefeito reeleito de João Pessoa, Cícero Lucena, também
deixa o processo eleitoral deste ano com forças renovadas, após ter sido
reeleito com quase 64% dos votos. O índice é expressivo. Mas ele terá que
conviver pelos próximos anos com o desgaste das investigações da Polícia
Federal que miram alguns de seus familiares e sua gestão. Cícero sai forte, mas
com a imagem desgastada - por hora - para futuras disputas.
Bruno Cunha Lima
Reeleito prefeito da segunda maior cidade do Estado,
Campina Grande, Bruno se consolida como liderança no município. Isso porque
conseguiu vencer nas urnas com as próprias pernas, sem ser alçado à condição de
candidato quase eleito, como ocorreu em 2020 a partir da força do ex-prefeito
Romero Rodrigues. O desafio dele, para o próximo mandato, é aperfeiçoar a sua
articulação política junto aos aliados e melhorar, também, a convivência com os
oposicionistas.
Hugo Motta
Um dos grandes vencedores da eleição municipal deste ano,
no Estado, foi sem dúvidas o deputado federal Hugo Motta. Liderando o
Republicanos, Hugo conseguiu eleger 50 prefeitos, saltando dos 29 hoje
administrados pela legenda. Manteve cidades significativas, como Patos, Pombal
e Santa Luzia. E apoiou a reeleição de Cícero na Capital. Somando o fato de ter
a maior bancada na Assembleia e três deputados federais, com a iminência de
assumir a Presidência da Câmara Federal, Motta segue no caminho de se tornar a
liderança política mais expressiva do Estado na atualidade.
Efraim Filho
O senador Efraim Filho (UB) teve pontos altos e baixos no
processo eleitoral deste ano. Ao mesmo tempo em que manteve sob o seu partido a
prefeitura de Campina, Efraim viu os dois candidatos apoiados por ele
derrotados nas urnas na Capital (Ruy Carneiro e Marcelo Queiroga). Além disso,
o partido que dispõe de 29 prefeituras atualmente irá encolher a partir de
2025. O União elegeu 24 prefeitos. Em Guarabira, conseguiu eleger Léa Toscano.
Mas no cômputo geral o saldo não foi positivo.
Veneziano Vital
O MDB do senador Veneziano Vital elegeu 23 prefeitos no Estado.
O número é bem superior ao resultado das urnas de 2020, mas ainda representa
uma redução. Graças à interlocução dele em Brasília, o partido chegou a 29
prefeituras atualmente. Mas Veneziano tem algo a comemorar: conseguiu melhorar
a sua imagem em Campina Grande e sair do processo sendo apontado como um dos
principais responsáveis pela reeleição de Bruno.
Wellington Roberto
Se há uma liderança política que encolheu nas eleições
deste ano, na Paraíba, foi o deputado federal Wellington Roberto. O partido
elegeu somente na metade de prefeitos que tinha assegurado em 2020. Naquele ano
foram 22 gestores. Agora apenas 11 prefeituras ficarão sob o comando da
legenda. Além disso, o presidente estadual do PL sai enfraquecido internamente.
Perdeu poder para o grupo de Queiroga e Cabo Gilberto.
Romero Rodrigues
O deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) desceu do
patamar de protagonista do processo eleitoral de 2020, quando elegeu no
primeiro turno o seu sucessor, Bruno Cunha Lima, para mais um aliado em 2024. A
instabilidade dentro do grupo radicado em Campina, meses antes da eleição,
acabou desgastando a imagem do ex-prefeito. A hora, agora, é de repensar
estratégias.
Aguinaldo Ribeiro
O deputado Aguinaldo Ribeiro saiu bem das disputas.
Conseguiu manter prefeituras importantes, como Santa Rita e Cajazeiras. Mas o
seu principal ativo foi mesmo a reeleição de Cícero, em João Pessoa. Com isso o
Progressistas passa a ser a legenda a administrar o maior número de paraibanos,
mais de 1,2 milhão de habitantes.
Daniella Ribeiro
A senadora Daniella Ribeiro, assim como Aguinaldo,
conseguiu manter bases importantes de sua atuação. O seu partido, contudo, o
PSD, não elegeu prefeitos em cidades expressivas. O principal feito pode ser
considerado o apoio à reeleição de Cícero em João Pessoa. A senadora participou
ativamente da campanha e teve a imagem usada, inclusive, no guia eleitoral do
progressistas.